O filme relata a história de um menino achado na selva por caçadores, mantendo hábitos relativos aos animais, isso porque ele estava isolado do mundo e das pessoas e com contatos com os animais, numa floresta, talvez seja este o motivo pelo qual ele aparenta ser surdo e mudo, pois ele não aprendeu a língua dos homens.
Até que certo dia é visto por alguns caçadores, que pensam ser um animal, é preso e levado para a cidade onde é atendido pelo doutor e pela governanta que tentam lhes ensinar como conviver no mundo das pessoas, a conviver em uma sociedade a qual mantém discriminação.
Algumas vezes ele se torna agressivo por não se adaptar com a vida das pessoas.
O professor e a senhora fazem muito esforço para tentar transformá-lo em uma pessoa civilizada, inclusive dão um nome a ele que ele parece entender, usam métodos algumas vezes bem severos, mas também demonstram atitudes de carinho para com ele.
Ele utiliza diversos métodos tentando desenvolver aprendizagens com o menino, para ele entender as coisas, desenhos e objetos para memorização, quando troca métodos ele percebe que o menino tem acessos de fúria, quando ele percebe que está forçando muito, repensa e deixa o menino um pouco mais livre, mas aos poucos percebe algum resultado positivo nos comportamentos do menino.
Lendo o texto: A VISÃO HISTÓRICA DA IN(EX)CLUSÃO DOS SURDOS NAS ESCOLAS de Karin Lílian Strobel , pude constatar alguns aspectos que destaco aqui bem semelhante ao menino selvagem.
Além de serem sacrificados, os sujeitos surdos eram também marginalizados do convívio social; eram isolados, eram presos em celas e calabouços, asilos e hospitais, ou feitos de escravos, assim como afirma Foucault no seu livro ‘História da Loucura’ desde o século XIV ao século XVII ao percorrer na história da loucura percebemos que devido aos valores éticos, morais e o modelo médico estão fortemente enraizados socialmente então a exclusão de sujeitos era e é ainda uma prática constante, isto é, a eliminação de pessoas indesejadas. (2002).
A distinção dos sujeitos surdos nem sempre foi feita entre os deficientes físicos e mentais e nem mesmo aos pobres. Os sujeitos surdos geralmente eram assimilados aos marginais, exclusos da sociedade, como objetos de compaixão ou ainda em um trabalho de esforço de conciliação cristã; então, na época, geralmente nos monastérios, os monges beneditinos inseriam os surdos em suas
Nessa fase, não havia a preocupação de formação educacional de sujeitos surdos, uma vez que os mesmos não eram vistos como cidadãos produtivos ou úteis à sociedade.
A partir de século XVI, pedagogos e filósofos apaixonados pela educação debatiam sobre a integração social dos surdos: de qual integração se tratava? Qual será o preço que o povo surdo iria pagar por esta integração?
Durante cem anos, os sujeitos surdos ficaram subjugados às práticas ouvintistas, tendo que abandonar sua cultura e sua identidade surda, obrigados a se submeterem a uma ‘etnocentria ouvintista’, sendo forçados a imitá-los e a se esforçarem em parecer ouvintes.
Com a evolução dos estudos de medicina sobre a surdez, as ciências da vida começaram a categorizar os sujeitos surdos, segundo suas representações, em graus de surdez (os surdos leves de um lado, e os profundos em outro extremo); desse modo, os surdos passaram a ser considerados ‘doentes’ e ‘deficientes’. O fato de os sujeitos surdos terem dificuldade para ouvir e falar é que reforçou esta representação.
Hoje o povo surdo identifica-se como ‘surdo’, que forma um grupo com as características lingüísticas específicas, cognitivas e culturais, sendo considerados como diferença!
Infelizmente a sociedade não está preparada para acolher com dignidade as pessoas com problemas, poucas são as pessoas que compreendem e utilizam a língua de sinais, os lugares públicos, privados e escolas não estão preparados para atenderem pessoas surdas-mudas, eu mesma como professora não estou preparada, na minha escola tem um aluno com este problema em uma outra turma, mas ele quer comunicar-se comigo e eu não entendo muito bem ele, então sinto o quanto é importante todos saberem a língua de sinais.
A aula presencial desta semana foi interessante porque tivemos a oportunidade de ter uma aula com uma professora surda-muda que nos deu um exemplo de vida , pois nos transmitiu que com sua deficiência também pode ensinar e mais uma vez pude constatar que não estamos preparadas pois poucas eram as pessoas que dominavam um pouco da língua de sinais, mas percebi a importância de saber mais, é uma outra forma de alfabetização.
Um comentário:
Oi Rozane! Legal essa tua postagem. Trazes aspectos do filme, interligando-os com a leitura do texto e a tua reflexão sobre a proposta da aula presencial. Abração!!
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