sábado, 14 de novembro de 2009

EJA E LIBRAS- EXPERIÊNCIAS DE VIDA VENCENDO BARREIRAS EM BUSCA DE APRENDIZAGENS.

Esta semana tive a oportunidade de visitar e conhecer duas instituições de ensino com diferentes dificuldades mas que apresentam aspectos positivos na educação.
Na EJA percebi como os adultos que não tiveram oportunidades de frequentar a escola em sua infância , principalmente porque tiveram que trabalhar e o acesso à escola era difícil, mostram muita força de vontade em aprender para melhorarem de vida, deixam sua família, o cansaço do trabalho diário, o preconceito e vão à noite em busca de recuperar o que não aprenderam vencendo desafios e dificuldades mas conseguindo mudar de vida. Um depoimento de uma senhora com mais de 30 anos foi que após ser alfabetizada ela consegue pegar ônibus sozinha , sabendo exatamente para onde vai, que não saber ler é como ser cega. As experiências de vida dos adultos são muito boas, eles sentem o verdadeiro valor das aprendizagens. A professora falou que é muito gratificante trabalhar com a EJA e também posso destacar a importância da professora ter uma dedicação especial à eles, quando um aluno relatou que só está lá pela professora incentivar muito.
Na APADA, uma escola muito organizada com uma estrutura adequada para atender seus alunos, onde a comunidade é bem atuante, fiquei emocionada em ver aqueles rostos lindos convivendo com suas dificuldades vencendo desafios mostrando que são capazes de aprender e conviver em sociedade.
Conheci uma adulta em que apresenta muitas dificuldades na aprendizagem mas que está ali sempre firme desde sua infância demonstarndo um lindo sorriso no rosto e dizendo que é feliz ali na escola, isto é um exemplo maravilhoso de vida para nós que somos perfeitos e que as vezes reclamamos de coisas tão pequenas.
Nesta escola os alunos são de vários municípios, muitos até bem longe, mas estão ali mostrando que são capazes, uma turma se formando no Ensino Médio, outra turma de 8ª série felizes mostrando suas fotos do passeio ao Beto Carreiro junto com os alunos normais, isto é um exemplo de que a interação e o convívio em sociedade são muito importantes para eles.
Através destes exemplos podemos perceber o quanto uma educação de qualidade é importante na vida dos seres humanos.

sábado, 7 de novembro de 2009

EJA-C .CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM E DO PENSAMENTO DO EDUCANDO JOVEM E ADULTO

Pensar na Educação de Jovens e Adultos é muito importante e a autora Marta Kohl de Oliveira, destacou aspectos relevantes nesta faixa etária da educação.
O adulto que freqüenta a EJA foi um excluído da escola, não teve oportunidade de escolaridade no seu tempo certo, por enfrentar algumas dificuldades como, por exemplo: difícil acesso às escolas, precisar trabalhar para contribuir na renda familiar e uma falta de incentivo e importância ao estudo por parte da família, há algum tempo atrás não se dava tanta importância em ter uma formação.
Hoje este adulto busca recuperar suas aprendizagens por necessidade de melhorar de vida e levantando sua auto estima, pois está inserido em um mundo letrado.
A autora destaca três campos que contribuem para a definição de seu lugar social: a condição de “não criança”, a condição de excluídos da escola e a condição de membros de determinados grupos culturais.
O adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um modo diferente daquela da criança e do adolescente. Traz consigo uma história mais longa, de experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre as outras pessoas.
Pensando nestas diferenças entre o adulto e a criança é que os processos de ensino aprendizagens devem ser pensados de forma em que vá proporcionar ao adulto motivação para que ele consiga alcançar seus objetivos desenvolvendo atividades prazerosas voltadas para sua realidade.
O professor da EJA tem uma grande responsabilidade com estes seres humanos que não tiveram oportunidades na idade de freqüentar o ensino fundamental, pois algumas pessoas podem sentir-se até envergonhadas por estarem na escola fora da idade escolar, sentindo-se incapazes de aprender, e por terem em suas mãos pessoas que também enfrentam dificuldades, possuem compromissos com a família e trabalho e estão ali em busca de aprendizagens.
Se a EJA não apresentar um projeto que envolva a realidade do aluno poderá provocar índices de evasão escolar e mais uma vez frustração deste adulto em relação à escola.
Outro fator importante para repensar na EJA é que estes adultos são de grupos sociais diferentes, apresentando diferenças culturais e nas capacidades de desempenho intelectual.
Isto confirma a necessidade de que o currículo escolar seja diferenciado da criança e que o professor envolva em seus planejamentos atividades que estejam relacionadas ao nível do interesse e das vivências deste aluno que está inserido na escola. Isto destaca a importância do professor conhecer bem o aluno e o ambiente em que ele convive.

LIBRAS-C- O MENINO SELVAGEM

O filme relata a história de um menino achado na selva por caçadores, mantendo hábitos relativos aos animais, isso porque ele estava isolado do mundo e das pessoas e com contatos com os animais, numa floresta, talvez seja este o motivo pelo qual ele aparenta ser surdo e mudo, pois ele não aprendeu a língua dos homens.
Até que certo dia é visto por alguns caçadores, que pensam ser um animal, é preso e levado para a cidade onde é atendido pelo doutor e pela governanta que tentam lhes ensinar como conviver no mundo das pessoas, a conviver em uma sociedade a qual mantém discriminação.
Algumas vezes ele se torna agressivo por não se adaptar com a vida das pessoas.
O professor e a senhora fazem muito esforço para tentar transformá-lo em uma pessoa civilizada, inclusive dão um nome a ele que ele parece entender, usam métodos algumas vezes bem severos, mas também demonstram atitudes de carinho para com ele.
Ele utiliza diversos métodos tentando desenvolver aprendizagens com o menino, para ele entender as coisas, desenhos e objetos para memorização, quando troca métodos ele percebe que o menino tem acessos de fúria, quando ele percebe que está forçando muito, repensa e deixa o menino um pouco mais livre, mas aos poucos percebe algum resultado positivo nos comportamentos do menino.
Lendo o texto: A VISÃO HISTÓRICA DA IN(EX)CLUSÃO DOS SURDOS NAS ESCOLAS de Karin Lílian Strobel , pude constatar alguns aspectos que destaco aqui bem semelhante ao menino selvagem.
Além de serem sacrificados, os sujeitos surdos eram também marginalizados do convívio social; eram isolados, eram presos em celas e calabouços, asilos e hospitais, ou feitos de escravos, assim como afirma Foucault no seu livro ‘História da Loucura’ desde o século XIV ao século XVII ao percorrer na história da loucura percebemos que devido aos valores éticos, morais e o modelo médico estão fortemente enraizados socialmente então a exclusão de sujeitos era e é ainda uma prática constante, isto é, a eliminação de pessoas indesejadas. (2002).
A distinção dos sujeitos surdos nem sempre foi feita entre os deficientes físicos e mentais e nem mesmo aos pobres. Os sujeitos surdos geralmente eram assimilados aos marginais, exclusos da sociedade, como objetos de compaixão ou ainda em um trabalho de esforço de conciliação cristã; então, na época, geralmente nos monastérios, os monges beneditinos inseriam os surdos em suas
Nessa fase, não havia a preocupação de formação educacional de sujeitos surdos, uma vez que os mesmos não eram vistos como cidadãos produtivos ou úteis à sociedade.
A partir de século XVI, pedagogos e filósofos apaixonados pela educação debatiam sobre a integração social dos surdos: de qual integração se tratava? Qual será o preço que o povo surdo iria pagar por esta integração?
Durante cem anos, os sujeitos surdos ficaram subjugados às práticas ouvintistas, tendo que abandonar sua cultura e sua identidade surda, obrigados a se submeterem a uma ‘etnocentria ouvintista’, sendo forçados a imitá-los e a se esforçarem em parecer ouvintes.
Com a evolução dos estudos de medicina sobre a surdez, as ciências da vida começaram a categorizar os sujeitos surdos, segundo suas representações, em graus de surdez (os surdos leves de um lado, e os profundos em outro extremo); desse modo, os surdos passaram a ser considerados ‘doentes’ e ‘deficientes’. O fato de os sujeitos surdos terem dificuldade para ouvir e falar é que reforçou esta representação.
Hoje o povo surdo identifica-se como ‘surdo’, que forma um grupo com as características lingüísticas específicas, cognitivas e culturais, sendo considerados como diferença!
Infelizmente a sociedade não está preparada para acolher com dignidade as pessoas com problemas, poucas são as pessoas que compreendem e utilizam a língua de sinais, os lugares públicos, privados e escolas não estão preparados para atenderem pessoas surdas-mudas, eu mesma como professora não estou preparada, na minha escola tem um aluno com este problema em uma outra turma, mas ele quer comunicar-se comigo e eu não entendo muito bem ele, então sinto o quanto é importante todos saberem a língua de sinais.

A aula presencial desta semana foi interessante porque tivemos a oportunidade de ter uma aula com uma professora surda-muda que nos deu um exemplo de vida , pois nos transmitiu que com sua deficiência também pode ensinar e mais uma vez pude constatar que não estamos preparadas pois poucas eram as pessoas que dominavam um pouco da língua de sinais, mas percebi a importância de saber mais, é uma outra forma de alfabetização.